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sábado, 10 de março de 2012

Pontos de vista - olhando para os lados





       O filme "Na Natureza Selvagem" narra a história de um homem que não aceita as regras e o comportamento doentio da sociedade, deixando tudo isso para trás para viver uma aventura solitária em meio a natureza, vivendo anos longe da cidade. Nessa jornada ele conhece não só o mundo exterior mas também descobre em seu interior a verdadeira felicidade. (Já viu esse filme?)

       - Mas por que deixar de lado o mundo que conhecemos, o conforto da vida nas cidades, e sair rumo ao desconhecido?
       - Talvez, apesar de todo suposto conforto, ainda assim seja difícil viver em paz nas cidades…

       Vários fatores levam nos a pensar se realmente vale a pena viver em cidades como as que existem atualmente: poluição (sonora, ar, água, rios, etc.), falta de segurança, agressividade, competição, preocupação constante, e outros decorrentes do atual modo de vida disseminado no planeta.


       O estilo de vida imposto atualmente, é estruturado visando principalmente o ganho de poucos as custas do trabalho da maioria, organizando-se para tal na forma de pirâmide onde a maior parte da população ocupa a base e uma elite dominadora ocupa o topo. Aqueles que ocupam o topo tem direito a privilégios que os demais não possuem e esses são restringidos gradualmente até que se chegue a base da pirâmide, que é representada por um grande percentual da população que apenas recebem o necessário para a subsistência, quando sobrevivem.
      
       O topo desenvolveu, há muito tempo, uma estrutura para arrecadação de impostos que coleta de todos os níveis da pirâmide e redistribui o que que foi arrecadado entre os líderes de cada nível, que fazem isso sucessivamente até que atingir a base, levando a todos a parte que lhes cabe.

       Esse sistema deveria atender a todos, mas isso de fato não ocorre, pois movidos por interesses pessoais desonestos, os níveis superiores não repassam integramente a parte que cada nível inferior de acordo com o que esses contribuiuram,   apropriando-se de parte desses recursos, pois julgam merecer mais que aqueles que se encontram abaixo deles na hierarquia.
      
       Tal conduta, associada a diversos outros fatores, promove a desigualdade social e causa revolta naqueles que trabalham duro mas não recebem de volta os frutos do seu trabalho, pois parte desses foram apropriados indevidamente por aqueles que ocupam os postos de governantes e pelo que sistema atual detêm o controle sobre onde e como será aplicado o montante acumulado pelos esforços de todos, ou seja, pra onde vai o benefício do trabalho de todos.

       A elite governante detêm o controle não só da distribuição e da aplicação da renda, mas também possui controle sobre todo o território, todas as terras, todos os rios, todos as florestas, os animais e plantas, sobre todos os meios de produção, a distribuição das riquezas, controla os meios de comunicação, a distribuição do conhecimento e da tecnologia e , dita as leis que regem aquele território fazendo com que todos aqueles ali nascidos, ou ali presentes, devem se sujeitar  as leis existentes caso contrário são repreendidas, por vezes agredidas, torturadas, presas, assassinadas, humilhadas, o que varia de lugar pra lugar, de qualquer formas essas pessoas não são bem-vindas pela elite, sendo de alguma forma punidas pois a lei também cria a polícia cega para repreender quem não segue o que dita o sistema, sendo que essa polícia age, sempre a mando das elites e principalmente  na base do sistema e em níveis imediatamente superiores, atuando severamente para que tal conduta sirva de exemplos aos aventureiros que ousem desrespeitas as leis impostas. E os presídios, locais onde são colocados os infratores, são ocupados integralmente pelas classes inferiores da base da pirâmide que ficam em confinamento isolados fisicamente da sociedade por apresentarem perigo, o que faz parecer que rico é honesto e não vai preso, senão por algum tempo, senão por engano. 

       Quanto mais alto na hierarquia menos atuação concreta sofre da polícia ,ou órgãos de repressão a fim, pois os líderes que comandam estão blindados pela ação não só da polícia regional, federal, mas também se escondem atrás de exércitos armados, de juízes, de delegados, ministérios, usados em próprio favor, obviamente legitimadas pelas leis que são criadas pelos próprios governantes e por aqueles que os antecederam visando a manutenção da situação como está, estagnada, sem muita mudança que seja prejudicial ao sistema corrente de governo e distribuição de riquezas.

       Raramente representantes de lugares mais próximos ao topo são punidos seriamente, ou presos por muito tempo, por mais grave que seja o crime que tenham cometido, por exemplo, presidentes, ministros, senadores, deputados, governadores não ficam presos, geralmente esses indicam pessoas de níveis inferiores como sendo responsáveis pelos seus atos, bras. pop. laranjas. Raramente a sociedade recebe de volta os frutos dos crimes.

       Existe pouca mobilidade social dentro da pirâmide, geralmente quando pessoas da base atingem níveis mais elevados, essas o fazem seguindo as regras do jogo, ou seja, se sujeitando as leis, inclusive as morais, ditadas pelos governantes, estando efetivamente contribuindo para que esse sistema funcione, pois compactuam com ele ao mesmo tempo em que se apegam mais e mais ao ego. Na maioria das vezes essas pessoas, movidas pelo egoísmo e a cobiça, são usadas como marionetes por pessoas da elite que não querem se expor para executar suas ações intelectuais planejadas para manutenção do poder. Desta forma se forem descobertas fazendo algo contra as leis, a corda sempre estoura na mão do mais fraco, não comprometendo a integridade do sistema e abalando a sua confiança.

        Para aqueles que cumprem as leis e desempenham atividades produtivas,  são distribuídos prêmios, dentro da lógica do sistema, representados por créditos ou dinheiro. As pessoas que recebem esses créditos pelos serviços prestados conseguem o que precisam ou querem por meio da troca desses créditos por mercadorias, bens, terras, comida, água, conhecimento, etc. Entretanto existe grande diferença social, pois a distribuição de renda é não uniforme, de forma que a maioria não recebe de volta os frutos integrais do seu trabalho e os créditos que recebem são insuficientes para a aquisição de qualquer coisa topo de linha, restando a esses apenas migalhas e porcarias. 
         As pessoas são obrigadas a trabalhar a maior parte do tempo que estão acordas, principalmente em confinamento em escritórios e fábricas, quem constrói carros, não recebe, nem em depois de anos de trabalho, equivalente em créditos para comprar o melhor modelo; quem faz aparelhos eletrônico, as vezes tem que trabalhar o mês todo para ganhar o mesmo que custa o modelo mais elaborado o qual ajudou a produzir vários durante esse período; o mesmo se dá com o pedreiro que constrói apartamentos elegantes mas com o que ganha não pode adquirir o direito de morar naquele local que ajudou a construir, os exemplos são muitos onde tal fato é verificado. A vida é difícil mesmo, disseram por aí.

De fato, as pessoas adquirem o direito de ser dona de alguma coisa, seja o que for, apenas após compra-la, troca-las por uma dada quantia de créditos, sob as condições impostas pelos governantes por meio das leis que regem uma nação. No Brasil, nada era de ninguém e tudo era de todo mundo, até que chegou a frota de caravelas de Cabral no litoral de terras desconhecidas, sem dono, e depois passam uma linha e disseram que tudo que tinha ali era do rei de Portugal, depois em 1534 foi dividido em capitanias hereditárias, cada parte tendo uma família responsável pelo território e por lei dona de tudo, madeira, minério etc., sistema durou até 1759, mas de fato nunca mais até voltou ser de quem morava nela, os índios revoltados foram mortos aos milhares, e a riqueza de todo o país ficou concentrada nas mãos de poucas famílias. Certamente quem recebeu devia tudo isso ao rei portanto ele ficava com boa parte dos créditos. Dependendo da família que a pessoa pertence, essa tem acesso ou não, a créditos, terra e oportunidades.
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       Tudo, tudo mesmo, pode ser comercializado, tendo um valor de créditos atribuído de acordo com a diversos fatores como disponibilidade, necessidade, legalidade, qualidade, composição, forma, cheiro, inúmeras propriedades, funcionalidade etc. As pessoas podem comercializar entre si, tendo como intermediário o governo ou representante desse, que em qualquer transação recolhe impostos e taxas, sim, dentro da lei, com a promessa do retorno desses créditos forma de benfeitorias . A maior parte dos créditos que as pessoas ganham são entregues ao governo pelo direito (enquanto pagarem) de morar num terreno, numa casa, pela sistema saneamento, água e esgoto, iluminação pública quando existe, ou simplesmente ao adquirir qualquer coisa, que além do seu valor real tem acrescido o imposto. Esses impostos deveriam ser recolhidos para serem distribuídos justamente entre cada habitante, na forma de moradia, serviços de saúde, educação e outros que possibilitem uma vida digna na qual todos tenha acesso aos frutos do trabalho da comunidade. Mas isso não acontece, o que acontece que a contribuição da maioria se perde na volta do topo para base, sendo aplicada com fins menores e egoístas em favor de uma minoria que controla do topo esse sistema. Sendo que a renda se concentra na forma de uma pirâmide invertida ficando a maior parte das riquezas distribuídas entre os poucos membros do topo. Praticamente paga-se para só para existir.
       Tais ocorrências promovem a revolta daqueles que se sentem prejudicados por receberem menos do que deveriam. Entretanto, esses pouco podem fazer, pois estão presos ao sistema. Se fizerem qualquer coisas que seja contra o sistema, essa será contra a lei e passível de punição, muitas vezes severas. De forma que a elite que dita as leis controla a base por meio do medo.
       A elite, por controlar a lei, desenvolveu raízes muito fortes que mantém a situação como está, estagnada. Por meio de diversos meios que enfraquecem a base tornando-a vegetativa e incapaz de reagir a situação a elite impõe, de forma semelhante ao parasita que anestesia a vítima e chupa o seu sangue até quase matá-la, mas evitando que isso aconteça para que o seu hospedeiro não morra e cesse a fonte de fornecimento.
       A elite controla o pensamento e a atitude das pessoas pelos meios de comunicação, livros escolares, jornais; os governos definem quem pode emitir ondas eletromagnéticas em toda e qualquer faixa de comprimentos de onda, ondas de rádio, telefone e televisao, principalmente. Sendo considerado ilegal e passível de punição aquele que desrespeitar as leis e tentar construir uma estação de rádio ou tv, essas só podem ser feitas por meio de concessão do governo sendo que apenas pessoas ligadas a elite recebem permissão para possuir meios de comunicação de massa. Estabelecendo desta forma, uma via de mão única que visa apenas levar as ordens das classes dominantes até as classes dominadas, de forma que as minorias contrárias ao sistema não tem voz ativa e nem podem se comunicar livremente sem interferência da elite, mantendo a atenção da população ocupada com besteiras com jogos bobos, revistas e principalmente atividades escravizastes, induzindo o comportamento desejado para a manutenção do sistema.

       O controle do comportamento se dá, dentre outras maneiras, pelo controle do subconsciente das pessoas pelo chamado senso comum, que representa o modo de pensar dito como normal das pessoas que pertencem a determinada sociedade.

       A mídia dita o modo de vida e esse modo de vida é o consumismo taxado e anunciam-se que a felicidade pode ser comprada, na forma de roupas, carros, comprimidos, delícias, prazeres, diversão, luxo, beleza material, e outras ilusões de felicidade materialista.

       A elite controlando a mídia e o sistema de educação mantém a base da pirâmide social na ignorância pelo fortalecimento do senso comum, evitando que essa se fortaleça e que cada indivíduo seja autônomo, livre e independente, que tenha ideias próprias, em fim, que pense.

       As pessoas da base, que são a maioria, é quem mantém esse sistema, contribuindo com a sua força de trabalho. E essas apesar de não recebem de acordo    são convencidas pela mídia que a vida é assim mesmo. São convencidas que devem sair de suas terras no campo e meio a natureza e ir morar em cidades de concreto, pois segundo a propaganda feita pelo sistema, a vida é melhor e mais confortável nas cidades. Dentre as justificativas para que as pessoas se acumulem nas cidades está a presença da oportunidade de emprego e de carreira nesses locais, e promessa de uma vida melhor, que pode exclusivamente conseguida subindo lentamente dentro dos níveis da pirâmide, obviamente, só cresce quem segue tais regras e normas de conduta, sendo essas pessoas padronizadas pelo sistema, sem aspirações não desejadas, que pensem com o senso comum, erradamente chamado de bom senso.

       Uma vez que entram nesses regimes, por meio do nascimento em cidades ou pela migração do campo para cidade, as pessoas ficam presas ao território e sujeita as leis e punições.  Não são poucas as que tentam fugir disso, mas logo desistem, pois o mesmo governo que concentrou os consumidores, nas cidades se armou de inúmeros meios de mantê-los presos, muitos determinados por leis e normas de conduta, sempre acompanhadas de punição e humilhação no caso do não cumprimento. As punições ou advertências são feitas pelos próprios membros da base da sociedade condicionados e doutrinados pelo governo para que cobrem uns dos outros que as leis impostas e o senso comum sejam cumpridos, em nome de um bem maior, da ordem, não sendo mais que um controle populacional no qual os aproveitadores convencem as pessoas, de fato, a controlarem umas as outras, fazendo-as pensar que essa é a única forma de possível de se viver, fazendo-as acreditar que são livres.
       Inúmeros mecanismos são usados para colocar a base da população em um estado mental no qual sejam facilmente controlados e manipulados.
       A educação escolar tem como objetivo doutrinar as crianças para que se enquadrem no sistema, desenvolvam o senso comum, se padronizem para que cumpram as leis, e aprendam a classificar em ordem de valores do melhor ao pior, das coisas, as pessoas, que aprendam a obedecer (chamam de respeitar também ou outro eufemismo) o superior,  onde aprendem o valor que a sociedade dá a cada coisa, ato, sentimento, manifestação, gesto, em diversos níveis, aprendem hierarquia, do(a) analfabeto(a), aluno(a) burro(a), aluno(a) esperto(a),  o(a) professor(a), o(a) inspetor(a), o(a) inspetor(a) chefe, o(a) vice-diretor(a), o(a) diretor(a), secretario(a) de educação, o(a) prefeito(a)…o(a) presidente(a)… e assim por diante,  do rico, do pobre, masculino, feminino, do aceito como certo e do não desejado, sendo baseada na classificação das pessoas, o quanto valem, em diversos níveis verticais de acordo com a posição social, cor, credo, profissão, local de nascimento, sendo que a ascensão só é conseguida por meio da competição, fazendo se crer que não existe no mundo suficiente para todos e que a vida será uma disputa constante para conseguir o melhor pedaço ou posição. O senso comum diz que estudar é bom mas que ninguém gosta de estudar; que é difícil.
       Na escola se aprende a ler e interpretar, o suficiente para ler-se anúncios e propagandas (o que é, onde vende), mas não como ferramenta para aquisição de conhecimento escrito dito complexo nem capacidade plena de comunicação de idéias. 
       Aprende-se um pouco de matemática para saber o quanto você tem que entregar de créditos para comprar coisas, mas não o suficiente para saber que o que se paga é muito alto e o que se recebe é muito pouco perto do que deu, e muito menos para perceber a lógica do mundo natural;
       Política o suficiente para saber que existem pessoas que mandam e outras que obedecem, e fortalecimento do senso comum que política é chata e é coisa de velho e dificilmente nos níveis básicos segue uma linha histórica lógica que fala dos dias atuais.
       Geografia  só para saber onde fica uma cidade e o comércio e as industrias mais próximos; línguas estrangeiras, só olá, quanto custa e os números, mas nunca o suficiente para adquirir conhecimento provenientes de outras culturas distantes; além de  outras lições extracurriculares que também são ensinadas, e muitas vezes, que ensinam que o que mais vale é a lei do mais forte e quem é mais esperto bate primeiro, e quem não é bobo obedece. Que se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!
       Educação física para estimular a competitividade e categorizar os alunos em melhores e piores e aberrações. Além disso, as aulas, não mais que meio período por semana servem para as crianças se distraírem e esquecerem um pouco do conteúdo chato das aulas.
        
       Além disso, divide-se tudo, fragmenta-se e classificam-se  em disciplinas, em carreiras, especialidades, que em nível avançado possuem vocabulário que variam de área para área, fazendo com que uma pessoa com formação básica não consiga entender e tirar proveito desse conteúdo. Mesmo se dá com pessoas especialistas de cada área que trabalham isoladas em suas próprios mundinhos, não sendo capaz muitas vezes de compreender ou mesmo tirar proveito de conhecimentos de outras áreas. O senso comum cria a especialização e faz com que as pessoas nem se interessem por assuntos que não sejam da sua área, como por exemplo, vida em sociedade, política, filosofia, governo, mantendo as pessoas que possuem capacidade de leitura e escrita desenvolvidas a falarem apenas de assuntos específicos e distantes do dia-a-dia.
       Atualmente o que se ensina na escola nos níveis básicos e fundamentais são todo o conhecimento que as pessoas da base possuem. Pois apesar de ser estimulada a leitura, ler é algo chato quando não se sabe o que está sendo dito. Trata-se de um conhecimento fragmentado e repleto de paradoxos e dogmas. Entretanto esse conhecimento é suficiente para que as pessoas que possui nível cultural mais baixo trabalhem em industrias fazendo trabalhos extremante repetitivos, por vezes em condições inadequadas e recebendo muito pouco por isso. O mesmo se dá em escritórios e serviços financeiros responsáveis pelas transferências de créditos, e todo tipo de serviço terceirizado, onde os donos, como intermediários ganham créditos em cima do trabalho dos outros, subtraindo desses em todas as negociações realizadas pela empresa.  As pessoas que trabalham nesses locais, pouco ou nada sabem sobre o estão fazendo, e muito menos sabem que o que elas recebem é muito pouco perto do que deveriam pelas horas dedicadas, mas os donos dos negócios ganham, pois esses por egoísmo e cobiça dividem os lucros de forma desigual, consideram-se mais importantes que seus subordinados nos níveis abaixo da pirâmide. Isso de fato é conhecido por todos, levando a um clima de competição para a qualquer custo para conseguir alcançar um melhor patamar, acumular créditos, bens, status e subir dentro da carreira as custas do trabalho das pessoas subordinadas a ela. O senso comum diz que deve-se buscar ser o melhor, e o melhor é chegar no nível mais alto possível da hierarquia, obviamente dentro de uma carreira tradicional, para ter poder, e poder mandar nas pessoas, ao invés de estar no lugar daquelas que obedecem. Talvez esse seja um grande problema, pois as pessoas pobres, que tem bons princípios, pensam de forma altruísta, dividem tudo com os outros de igual nível, entretanto quando esses sobem na carreira, e de posição no quadro social, eles  passam de escravos à carrascos e começam a agir da forma que o seu chefe agia e ele não gostava; passam a utilizar do senso comum daquele nível, que se acha melhor que o nível inferior e sempre aspira a um nível mais elevado, com um salário mais alto, e em cargos que atendem principalmente aos interesses dos patrões, empresa, e muito pouco a sociedade ao desempenhar a função que desempenha. Chegam em casa exaustos devido a rotina pesada, de tensão e cobranças, e alienação, que faz esquecer o que realmente queriam, focando a atenção em o que tem que fazer no trabalho e o que não fez e o que vai fazer, enfim, mantendo a atenção em um monte de bobagens e por mais que tenha créditos para adquirir sabedoria e trabalhar pela comunidade  não lhes restam força para ir contra a maré, o que resta é se entregar e se deixar levar pelo senso comum, de que as coisas são assim mesmo. Esquecendo-se de seus princípios e de que queriam subir na carreira para tem mais créditos, para poder ajudar mais gente ,  para ser  livre, mas não é bem assim, não é possível comprar a liberdade se vendendo. Acabam excluindo e desprezando as pessoas que ocupam agora o nível que ela ocupara no passado com as quais confraternizava e eventualmente dividia e que lhe ajudavam. Agora ela tenta se enquadrar no estilo do nível que está, muda de roupa, muda de hábito, muda de vida, muda os amigos, que cada vez se tornam menos confiáveis e em menor número, talvez ainda troque e-mails com algum ex-amigos do nível anterior, mas já não se identificam, as ideias não batem, não vão mais a casa um do outro, vivem em mundos diferentes, por fim se transformam em um estereotipo, que varia dependendo da carreira escolhida, como o qual nem mais se identifica, adota atitudes que antigamente via com repulsa mas que com o passar do tempo se tornam comuns e cotidianas. As pessoas de áreas distintas raramente se encontram.


       Mesmo quando se faz uma descoberta que pode ser benéfica para toda a sociedade, noticiam-se apenas como curiosidade, e isso não chega as bases de ensino, sendo o que se ensina nos níveis básicos  está completamente defasado com relação ao estado da arte.  O senso comum diz que estudos bons são aquele que ajudam a desenvolver a indústria e o comércio.

       E quando aqueles que decidem viver a margem da sociedade, pois não concordam com suas leis e normas de conduta impostas, enfrentam muitos preconceitos por parte das pessoas convencidas pelo senso comum de que quem não aceita as leis e normas de conduta é um perigo para a sociedade. Essas de fato, são uma ameaça ao sistema e não à sociedade pois geralmente essas possuem entendimento sobre a lógica do sistema e são capazes de discernir entre o que é bom para o coletivo e o que é bom para poucos, semeado muita discórdia entre a população, devendo ser neutralizadas o mais rápido possível. Essa neutralização se dá pela classificação desses pelas autoridades e pela mídia como perigosos, loucos, criminosos, vagabundos, piores, imprestáveis, ou qualquer termo pejorativo com que faça com que esses sejam vistos com maus olhos pela população, desta forma mantendo a parte da base da pirâmide  longe de conhecimento que possam ser contra o sistema imposto. Esse comportamento é reforçado o tempo todo pela cultura imposta pelos filmes, propagandas, novelas, revistas, escola, que mostram as pessoas como elas devem andar, se vestir, falar, cantar, trabalhar, opções de carreira, obviamente tudo visando criar modelos a serem venerados e seguidos ou cultuados, moldando o senso comum. O diferente não é bem visto. Idéias novas devem ser rejeitadas antes de discutidas. Polêmicas são resolvidas mostrando a verdade em telejornais ou revistas e jornais de grande audiência tidos pelo senso comum como verdadeiros, que como dito anteriormente estão concentrados nas mãos de poucas famílias, donas da maior parte da riqueza. Até os fora-da-lei são estereotipados, de fato, utilizam-se rótulos que não condizem com a realidade.
       Devido a injustiça constante e a criminalidade gerada em decorrência do sistema atual de organização social e governo corruptos, muitos membros bons da população se revoltam, por vezes a policia atua e reprende o(s) manifestante(s). De forma que as classes da população, da comunidade, policia, operários, favelados, classe média, classe alta[1], são colocadas umas contra as outras, apoiadas pela mídia e o senso comum pensam de que a outra parte é a causa da desgraça de todos. Pois nem o pobre nem o rico dorme tranquilo. Enquanto a população vive em clima de tensão, medo e conflito, esquece que quem tira deles é o governo, se esquece que estão do mesmo lado, se esquece que são elas mesmas que sustentam os parasitas, que elas são a força de trabalho, que elas que produzem as riquezas do planeta. O policial joga bomba de gás no meio da população de manifestantes mas se esquece que o filho dele pode estar lá no meio; esquece que em casa ele também reclama do governo, do maldito leão que come boa parte de seus rendimentos.
       É necessário que ocorram mudanças, vários povos do mundo estão protestando contra seus governos, e estão sendo repreendidos violentamente, obviamente por paus mandados que acreditam estar fazendo tudo para manter a ordem, mas estão de fato lutando contra seus próprios irmãos e iguais. Não se consegue paz fazendo guerra violenta, é possível manter uma luta silenciosa, e cortar as raízes que alimentam esses sistema atual, que claramente é a causa da desgraça que reina sobre a população.
       No Brasil, cada pessoa tem poder, tem um voto, se ninguém votar nem eleger ninguém a elite no poder não terá meios legais de se manter, não terá o direito de administrar e decidir onde serão investidos os frutos do nosso trabalho. Isso porque as pessoas só acreditam na competência de quem faz mega campanhas eleitorais, superpolíticos de carteirinha; nunca votariam só em gente da mesma classe social, afinal, os melhores (a elite) que tem que mandar  e não povo, diz o senso comum. Mas mesmo com a eleição de membros representantes efetivos da população seria como adaptar uma melhoria num sistema que foi feito para tirar de muitos e por nas mãos de poucos.

Se ninguém mais pagar impostos as raízes serão cortadas
e não levarão mais os créditos do nosso trabalho. Ninguém que precisa desse governo,
 a não ser para ser roubado por ele. Se todos fizessem o que gostassem, o que tem a habilidade, não precisaríamos de governo nenhum, afinal somos nós que fazemos e temos que fazer por nós.

       Mas nossa gente está confinada nas industrias e em escritórios prestando serviços que só atendem as necessidades das elites, ou seja, mais lucro, mais lucro, mais fluxo de caixa, maior crescimento do mercado, mais impostos, mais contratações, mais impostos, mais consumidores, mais crédito no mercado, mais imposto, mais propaganda vendendo coisa, mais coisas sendo vendida, mais imposto, mais imposto. Quase não sobra pra viver com dignidade.
       Com a produção em massa de alimentos e utensílios e máquinas, as pessoas perderam o contato com a terra e a vida natural, não sabem diferenciar uma planta comestível, de uma venenosa, uma medicinal, não sabem a diferença entre um pé de batata e um de mandioca, não sabem tratar a água para beber, não sabem sequer preparar a própria comida, o próprio chá, preferem tudo industrializado, alimentos e medicamentos industrializados, feitos por mega empresas que lucram muito (os donos) vendendo produtos  com qualidade incrivelmente mais baixa que os produtos in natura.
      

       Uma vez que as pessoas não conhecem a natureza, sair da cidade seria loucura, a maioria morreria de fome, doenças ou envenenada ou tudo isso junto uma vez que depende de um sistema dominado pela elite, que fornece água, alimentos industrializados, empregos e taxam quase tudo que se acredita ser necessário à vida, tornando as pessoas dependentes desse sistema para sobreviver (lembrar do escravo que deixou de ser escravo, recebia dinheiro mas tinha que comprar tudo do “ex-dono“, tudo).
       Na escola não se ensinam as pessoas viver uma vida diferente daquela que imposta pela elite, ensina-se a viver espremidos nas cidades e lutar por promoções (dentro da hierarquia do sistema), não se ensina a vida em contato com a natureza sem destruí-la, comendo e bebendo só o que for preciso direto da natureza, sem precisar de terceiros que processam alimentos em industrias, onde adicionam um chamado valor agregado ao produto, adicionam um monte de outros produtos nesses alimentos, sem função alimentícia, e vendem com muito lucro, além de pagarem impostos claro pela produção, comércio, licenças, taxas etc, para o crescimento da econômia. Para os vendedores de remédio quanto mais gente doente melhor, esse é o negócio.

       O processo de saída das cidades deve se dar de forma a recolonizar o planeta, buscar novos espações, pois as áreas onde as pessoas se concentração  foram coberta com concreto e a vida natural é impedida de florescer, além manter a população afastadas da natureza, distante das regiões produtoras de água e alimento.

O processo de re-colonização deve se dar, não abrindo mão de todo conhecimento presente no sistema, afinal, nem tudo é ruim, mas por meio das pessoas trabalhando no que sabem para construírem uma nova sociedade, uma sociedade onde cada um mantem a sua função mas numa hierarquia horizontal, onde todos tem o mesmo valor, onde todos dividem as terras, e se utilizem dos recursos de forma consciente, visando uma sociedade que integre e não separe, não coloque as pessoas umas contras as outras. Uma sociedade onde o conhecimento adquirido seja difundido e disponível a todos que o desejem; que seja aplicado em benfeitorias para a comunidade. Onde as pessoas possa trabalhar e ver o fruto do seu trabalho diretamente servindo para elas e para a sociedade, sem a necessidade de governos tiranos. O pedreiro construindo casas iguais a que ele vai morar, o médico tratando doentes sem convênio sem discriminação, o bombeiro apagando incêndios, o padeiro fazendo pão para todos, a costureira costurando, o cientista pesquisando para melhorar para o coletivo, as crianças brincando, as mães cuidando dos bebês, as professoras ensinando, policiais para nos proteger dos animais selvagens, os pescadores pescando, os agricultores plantando,  e todos decidindo junto o que querem, sob administração de pessoas honestas e competentes que pensem no coletivo. Se cada um fizer a sua parte com gosto, amor, dedicação, fica bom para todo mundo.  
       Será necessário que as pessoas comecem a estudar outra vez, mas em escolas que lhes ensinem coisas úteis, e que mostre a elas que todos são iguais mas diferentes, escolas que estimulem a cooperação ao invés da competição. Onde as pessoas sejam estimuladas a se conhecerem realmente, que possam assim descobrirem quem são interiormente, não o estereotipo que a sociedade criou e que muitos se identificam. Escolas que também ensinem as coisas do mundo interior, não fique só focada no forma, mas que busquem a essência.
      



[1] não realmente a verdadeira, mas da que se é possível conhecer e conviver; dado que devido a inúmeras subdivisões ilusórias e impostas pela hierarquia faz parecer que os considerados classes alta são ricos e tem poder, mas esses ainda estão longe do topo, estão no topo da base, estando sujeitos a elite, não podendo andar fora da linha, muito fora, nesse nível certos crimes são tolerados após um teatrinho judicial.

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